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O Regulateur de Roëttiers de Montaleau

Tradução José Filardo

Roëttiers de Montaleau

Considera-se geralmente o Regulateur du Maçon (1), de 1801, como “Nec Plus Ultra” do Rito Francês, e diz-se e se repete que este venerável texto é um reflexo sintético dos costumes da Maçonaria francesa do século XVIII. Com menos cortes e certo sentimento de secularização em relação ao Império que se aproximava.

Eu fui abençoado por possuir uma cópia do manuscrito saído das mãos de Röettiers em 1785-1786-1787, que contém os textos aprovados pela Câmara de Graus e pelo Grande Capítulo da França (e não o Grande Oriente de França ainda na sombra). A capa diz: “Maçonnerie Française, donnee rédigée et par le Grand Orient de France en l’Année 5786″

Tenho também a honra de possuir uma cópia da edição original do Regulateur, feita em couro “Millésimée 18**. E é datada dos anos da V.:. L.:.: 5081. Os Regulateur des Chevaliers Maçons, traz na capa: “Regulateur des Chevaliers Maçons ou les Quatre Ordres supérieurs selon le Régime du Grand Orient”. Não existem dados, apenas uma anotação feita à mão indicando a data de 1801.

A datação do manuscrito não oferece qualquer dúvida: cada ritual de grau (os três graus azuis e as quatro Ordens, mais a iniciação do Mestre de Loja) “é classificada conforme o original” e é assinada pela mão do mesmo Röettiers de Montaleau, e sendo assinado por ele mesmo em 20 de julho de 1787.

Pierre Mollier nos relata em grande detalhe o envio meticuloso que se fez dos rituais às lojas.

Outra certeza que temos é a data em que é dada no texto sobre a segunda obrigação de saudação que é dada pelo Vigilante, que é em honra do “Grão Mestre de todas as lojas regulares da França, e especifica o (1) Duque Orleans, Administrador Geral (2), o Duque de Luxemburgo, Grande Conservador, (3) e todos os Grãos Mestres estrangeiros”, etc.

Sabemos que o Duque de Orleans era o Grão Mestre desde 1771 até 1793, data em que ele foi decapitado, e também temos o Duque de Luxemburgo, o número dois do GODF, emigrado em julho de 1789.

Estes textos são, portanto, os de 1785-1787. Refletem o estado real da Maçonaria francesa do século XVIII, conforme registrado, compactado e unificado pelo cuidado amoroso de Roëttiers Montaleau. Esta é, pois, para os puristas que buscam a expressão autêntica do Rito Francês, o documento de base contra o qual as outras versões serão meras variações, mais ou menos confiáveis, e por vezes perfeitamente desastrosa.

A questão então é saber o que aconteceu entre 1786 e 1801, quando um impressor desconhecido tomou por sua própria conta e risco imprimir os manuscritos que, de acordo com as prescrições severas do GODF, não poderiam ser sequer copiados. É assim foi como se publicou o texto, mas isso sim 15 anos após a data admitida como certa sobre sua redação:

1786. O que aconteceu durante esses 15 anos? Por um lado, estamos lidando com um momento particularmente conturbada e de complexo tabuleiro político, como foi a tomada da Bastilha, a execução do Grão-Mestre, o fechamento de todas as lojas maçônicas, exceto duas. O terror e a emigração de muitos maçons cuja maioria era composta por aristocratas; a proclamação da república; a pátria em perigo; a criação do exército revolucionário depois o general Bonaparte e o diretório e, finalmente, o Consulado…

A maçonaria que renascerá depois dessa situação, e é preciso se perguntar se, após este período, ela permaneceria como foi nos dias de Louis XVI, no alvorecer do Império, mas há duas questões que não indicam que isso seria dessa forma.

Uma dessas questões foi a prestação das “obrigações” do Aprendiz: Em 1786 lia-se: “Juro e prometo sobre os Estatutos Gerais da Ordem e sobre esta espada, símbolo da honra, e diante do Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, guardar inviolavelmente todos os segredos ..” etc.

No entanto, em 1801 já dizia outra coisa; dizia o seguinte: “Juro e prometo sobre os Estatutos Gerais da Ordem e sobre esta espada, símbolo da honra, e diante do Grande Arquiteto do Universo, guardar inviolavelmente …” etc.

Por outro lado, no segundo brinde durante os banquetes. Há que se dizer que a primeira das saudações era em homenagem à República Francesa, e não em homenagem aos líderes da Ordem, como no Antigo Regime.

Mas é que no terço superior do texto de 1785-1787 e em comparação com 1801 há uma parte muito importante e se relaciona com o Arquiteto da Loja, no referido texto e figura com muitos detalhes a decoração litúrgica da loja. Muitas das ferramentas são descritas com grande precisão, mas também que essa mesma descrição muito minuciosa revela uma grande ausência no interior desta maçonaria do Antigo Regime.

É dito, com efeito: “se encontrará sobre o trono uma espada, um compasso e um malhete, o avental e a joia do Venerável, que é um esquadro pendente de um cordão ou colar azul … O Arquiteto assegurará que a loja tenha iluminação suficiente

Portanto, não está indicando que no Rito Francês, pelo menos na chamada “iluminação da ordem”, não exista um ritual de acendimento, e a iluminação da loja seja realizada antes de abrir os trabalhos e não durante os mesmos.

No entanto, entender-se-á que no Rito Francês conforme concebido por Roëttiers de Montaleau, é o mais autêntico do que poderia ter sido feito, e por isso, talvez se possa escolher pratica-lo hoje, já que não há qualquer livro da Lei Sagrada, nenhuma Bíblia, nem qualquer evangelho. Não há qualquer outra presença na Loja, exceto os Estatutos da Ordem, e nem sequer mencionadas nos Graus Azuis. Só aparece um livro sobre o grau de Rose Croix, sob o nome de “Livro da Sabedoria”.

O Rito Francês Moderno de 1786, que é curiosamente é também a data das Grandes Constituições do REAA não perde a noção simbólica, sem dúvida deísta do Grande Arquiteto do Universo, mas rompeu com o passado religioso da Maçonaria Inglesa e francesa do século XVIII para se inscrever na tradição do Iluminismo e da Razão, e adequar-se aos homens e mulheres dos tempos modernos.

Jean van Win.  5a. Ordem, Grau 9

Soberano Grande Inspetor Geral do Supremo Conselho Misto do Rito Moderno Francês para a Bélgica.
Mui sábio do Capítulo Pince de Ligne (Bélgica)
Membro da Academia Internacional da 5a. Ordem do Rito Moderno

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