Como muitas vezes acontece em Maçonaria, é preciso ter cuidado com as palavras … seu sentido maçônico, muitas vezes está longe de seu significado usual, e, portanto, imprecisões e erros de interpretação “modernos e antigos” podem ocorrer. Na história da Maçonaria especulativa esses termos não têm o mesmo sentido se procurados nos dicionários.

Esses adjetivos se referem a um conflito de ideias antigo que ocorreu na Inglaterra em meados do século XVIII, entre a primeira Grande Loja de Londres de 1717 e uma segunda organização maçônica que aparece um pouco mais tarde – em 1753 (A Grande Loja da Inglaterra). Embora fosse cronologicamente mais nova ou moderna, ela pretendeu manter os usos antigos, daí a qualificação “Antigos”. A Grande Loja da Inglaterra , acusava a primeira Grande Loja de Londres de ter feito várias alterações nos rituais e de descristianizá-los, e passou a chamá-la “Grande Loja dos Modernos”.

Este adjetivo “moderno” teria, portanto, um caráter pejorativo, dependendo de como alguém se coloca na conversa. A situação fez com que paradoxalmente se denominasse “Modernos” os irmãos da primeira Grande Loja de Londres fundada em 1717 que sempre é indicada como a emergente da maçonaria especulativa. Este rito, o nosso, o Rito Moderno, veio de Londres para a França em torno de 1725, e foi a única prática ritual por um longo tempo na França e posteriormente chegou ao Brasil. Mas isso é tema para outro artigo.

Retornando à essência do rito Moderno: o uso da linguagem simbólica, da prática de um Rito e a referência constante aos conceitos de Ordem, tradição e Iniciação tendem a nos marcar profundamente com a passagem do tempo.

O passo induzido por essas práticas e por esses conceitos nos leva a buscar caminhos mais adequados para nós mesmos, aqueles que permitam reduzir sem cessar, até seu desaparecimento, a diferença existente no início entre as práticas rituais e a nossa experiência.

Para discorrer sobre o Rito Moderno é necessário fazer uma pergunta: por que “praticar Maçonaria”?

Os “caminhos” marcados pelos diferentes Ritos constituem rotas convergentes para o centro ou a Maçonaria propriamente dita. Esses diferentes canais permitem que cada mecanismo de busca, após um tempo maior ou menor, faça com que encontremos o significado de por quê ser maçom.

Essa escolha é de suma importância, já que o nosso equilíbrio dependerá dela, o primeiro passo para a nossa realização. A escolha judiciosa do Rito participa do nosso equilíbrio para o crescimento filosófico, da mesma forma que uma dieta saudável é responsável pelo nosso equilíbrio físico.

Portanto, destacamos 3 principais características do Rito Moderno: a sobriedade, o rigor e a coerência.

A Sobriedade

O Rito Moderno evita discursos didáticos grandes que forcem o Maçom à ingerir a explicação já feita de tal frase do ritual ou tal símbolo. O corpo iniciático de cada grau é disponibilizado a cada irmão que é livre em sua reflexão. Um exemplo disso são os comentários concisos que acompanham cada viagem nas recepções dos diferentes graus e nos trabalhos desenvolvidos “entre colunas”.

Esta sobriedade permite, entre outras coisas, aprender a riqueza do Rito, uma vez que nos empurra para a busca e não permite se acomodar sob conceitos já dados.

O Rigor

Na forma, elemento indispensável para realizar a colocação “à Ordem” dos Irmãos, que deve, para a Loja, seguir o espaço-tempo da Abertura até o fechamento da loja.

Este rigor é explicitado em cada ato do maçom em loja. A repetição de três tempos de cada ritmo de anúncio regulariza o desenvolvimento das obras, evita qualquer pressa e, portanto, contribui para “vencer nossas paixões e submeter nossas vontades fazendo novos progressos na maçonaria”.

Também deve ser dito que os IIm.: se consideram totalmente envolvidos e não vivem essas frases de ritual como uma concessão aos bons usos. A honestidade que deve governar todas as nossas ações deve, se for o caso, nos levar a abandonar a prática do Rito e da Maçonaria, em vez de causar uma imagem prejudicial para a conservação da ordem através das nossas atitudes.

A Coerência

O conflito gerado pela presença simultânea de elementos contraditórios só pode gerar desordem. É importante, portanto, que em primeiro lugar, para o nosso avanço na realização e prática que um rito seja coerente. Não se trata aqui de raciocinar por comparação ou processar qualquer forma ritual; apenas observe alguns pontos simples que marcam a coerência do progresso no Rito Moderno. É notável a evolução entre os graus.

Podemos conceber o Rito Moderno como aquele conjunto normativo livremente aceito que indica um caminho que codifica relacionamentos dentro das Lojas considerando:

  • a facilidade na liberdade de expressão e pensamento;
  • permitindo articular diferentes ideias simbólicas dentro de um espaço e tempo com objetivos específicos. O trabalho coletivo em loja e a introspecção individual;
  • privilegia as ideias sobre as formas, valorizando os valores éticos e morais através do respeito pelas diferenças, total liberdade de consciência e desenvolvimento pessoal e intelectual , incentivando o estudo, a análise, a observação e a autoavaliação.
  • Por fim, o Rito Moderno é um Rito laico e leva em consideração a crença em um princípio criador.

Além disso, utiliza como principais ferramentas de estudo e investigação a filosofia, sociologia, psicologia, ciência entre tantas outras áreas para buscar o entendimento da simbologia na maçonaria e os seus propósitos.

Esperamos que este portal possa contribuir para com o Rito Moderno e a Maçonaria Brasileira.

Equipe Rito Moderno Brasil.