EXISTE UMA FILOSOFIA MAÇÔNICA?

Marco Piva                                               ARLS Livre Pensamento, 176
27/01/2023                                                Guaramirim – SC / GOSC

EXISTE UMA FILOSOFIA MAÇÔNICA?
Obs.: o texto é uma reflexão do autor e não a revelação da verdade.

FILOSOFIA
amor pela sabedoria, experimentado apenas pelo ser humano consciente de sua própria ignorância [segundo autores clássicos, sentido original do termo, atribuído ao filósofo grego Pitágoras (sVI a.C.).].
FILOSOFIA
no platonismo, investigação da dimensão essencial e ontológica do mundo real, ultrapassando a opinião irrefletida do senso comum que se mantém cativa da realidade empírica e das aparências sensíveis.
ou
A palavra Filosofia é de origem grega, e significa “amor à sabedoria”. Filosofar quer dizer refletir sobre questões fundamentais da vida humana porque quem o faz sente que precisa de uma resposta a essas questões para viver melhor. Filosofa – mesmo sem saber o nome dessa atividade – quem se pergunta, por exemplo, como deveria ser uma sociedade justa, ou como distinguir entre o que verdadeiramente sabemos e o que apenas opinamos. Também filosofa que busca a maneira correta de enfrentar um dilema moral, ou quem quer saber se a existência humana tem um significado. (https://lefis.ufsc.br/o-que-e-filosofia/) 27/01/2023.

Creio ser suficiente essas definições acadêmicas e dicionariais expostas para entender-se, ainda que superficialmente, o que seja filosofia. Pode-se deduzir, que seja uma resposta que se busca para as nossas dúvidas sobre o viver, e, formulada a questão, obtém-se uma resposta, que pode ser aceita por outros, ou não. Daí, termos muitos filósofos que discorrem sobre o mesmo tema, e seguidores de um, ou de outro. A filosofia é um pensamento formado a respeito de um tema, não cientificamente comprovada, porque é uma tese, onde cabe antíteses e sínteses, ou seja, ideias opostas e, de preferência, ou quando possível, um consenso entre esses pensamentos.

Maçonaria é uma escola, que ensina virtudes através de símbolos e, por si só, não pode ser chamada de filosofia ou ser uma escola filosófica, porque símbolos podem ter interpretações diferentes de acordo com a cultura (tempo, espaço e conhecimento), de quem o interpreta. Ai sim entra a filosofia. De acordo com o pensamento de quem interpreta, ou seja, a que escola filosófica o interprete se filia, ou a nenhuma, e aí se trata de um especulador, haverá uma interpretação diferente. Observemos um exemplo.

Aos adeptos da filosofia cristã, o Olho Que tudo Vê, que vem dentro do Delta Iluminado, um dos principais símbolos de uma Loja, que deve ser a primeira alegoria a ser vista pelo neófito, significa o Olho da Divina Providência, ou o Olho de Deus, o GADU, que a tudo observa e protege, simbolizando a Sabedoria divina. Para o maçom que é adepto de um rito adogmático, laico, o mesmo Olho, simboliza a Sabedoria advinda da Ciência (triângulo ou Delta) que observa a natureza e o trabalho realizado, o conhecimento de cada maçom que atinge o Oriente de sua evolução. Continua sendo um símbolo, mas, interpretado á luz da filosofia iluminista, racional, empirista, humanista, liberalista, todas independentes de alguma relação a dogmas pré-estabelecidos, ou seja, fruto do trabalho humano, do pensamento filosófico, das respostas racionalmente encontradas por elementos de determinadas escolas filosóficas.

Existe uma escola de pensamento melhor que a outra? Mais correta? Não há resposta certa, é uma questão de escolha a uma linha de pensamento, onde a Verdade é revelada pelo dogma de uma divindade, ou a uma linha de pensamento que se baseia na razão, na ciência, na moral estabelecida pelo Direito, escrito ou consuetudinário (usos e costumes). Depende da personalidade e estágio intelectual de cada maçom.

Essas escolhas são determinantes para o sucesso dos objetivos que embalaram a criação oficial da maçonaria no mundo, um marco histórico comemorado pelas chamadas potências regulares, a fundação da Primeira Grande Loja de Londres de 1717, que estabelecia, na sua constituição, que a Maçonaria simbólica, pois a operativa já não se praticava a essa altura da história, seria um Centro de União, ou seja, agregaria todas as correntes de pensamento (filosofias) e opiniões, em prol da construção de uma sociedade melhor, progressista, no sentido evolucionista, com apoio das ciências, das artes, da fraternidade entre os homens, ou seja, a tolerância em uma só palavra, consagrando isso como uma religião natural, acima das demais.

Portanto, não se pode falar em filosofia da maçonaria, mas de uma escola de simbolismo que aplica diversas filosofias, conforme o rito que se pratique. O ideal é que todos os maçons, mestres, conheçam a maior variedade possível de linhas de pensamento filosóficos, para não se tornar escravo de um só pensamento, o que se vê rotineiramente. Geralmente, o maçom inicia em um determinado rito e crê, que Maçonaria é aquilo que aprendeu em sua Loja, o que alguns mestres, muitas vezes despreparados lhe disseram, inclusive criticando outros sistemas maçônicos, como se só aquele que conhecem seja o verdadeiro.

Para ser chamado maçom, aquele que participa da construção social, pelo exemplo e com ações positivas, é necessário que se aplique ao conhecimento primeiro, ou seja, estude, se interesse além do ritual, além daquilo que lhe é repassado, lembrando que ritualística não é objetivo de sessão maçônica, ela é um meio de organizar os trabalhos de uma Oficina, dentro da concepção filosófica que o rito abraça. Muitos param nesse ponto, ritualística, e entendem que Maçonaria acaba aí, na prática corretíssima do ritual, numa breve prece lida sobre a Bíblia e no ágape que vem a seguir, geralmente sem o limite de tempo imposto à sessão e ao tempo de estudos.

Muitos não têm noção do que seja filosofia ou sua aplicabilidade, sua importância na construção de seu próprio saber. Esperam que alguém derrame esse conhecimento dentro de suas cabeças com um jarro, como se fosse a água da fonte da sabedoria. Engano, a maçonaria oferece um caminho de conhecimento dos valores simbólicos que traz em seu arcabouço histórico, as virtudes humanas, todas elas, a serem praticas e não somente catalogadas em dicionários.

O sucesso da instituição maçônica não está na prática da ritualística, ou fundação de mais e mais Lojas, mas no entendimento e aplicação prática do simbolismo, seja lá qual for a escola filosófica, porque todos objetam se conhecer uma ou mais virtudes, e conhecendo as virtudes, sabe-se como combater os vícios morais que em nós residem. Cabe aqui mais um aprendizado importante, parece que a maioria dos maçons se preocupa mais em desbastar a pedra bruta dos outros irmãos do que a sua própria. Observam os vícios dos demais e se esquecem dos próprios. A humildade é uma virtude esquecida e sobrepujada pela vaidade na maçonaria, diuturnamente, como um desafio que se apresenta diante de cada um. Uma prova a ser vencida durante toda a nossa vida, e temos visto que uma vida é pouca para essa conscientização.

Dicas sobre estudos filosóficos:

1. A Filosofia grega Pré-Socrática

2. Período Clássico Grego

3. Período Pós-Socrático

4. Pensamento Medieval
Santo Agostinho, Santo Tomaz de Aquino

5. Pensamento Filosófico Moderno (do século XVII ao XIX)
Iluminismo que abriga o Liberalismo, Humanismo, Empirismo, Racionalismo, Positivismo, e outras escolas.

6. Filosofia Contemporânea:
Existencialismo
Principais filósofos: Frantz Fanon e Jean-Paul Sartre.
Pós-estruturalismo
Principais filósofos: Michel Focault, Gilles Deleuze e Jean-François Lyotard.
Escola de Frankfurt
Principais filósofos: Jürgen Habermas, Max Horkheimer, Theodor Adorno e Herbert Marcuse.
Desconstrução
Principais filósofos: Jacques Derrida.
Semiologia
Principais filósofos: Roland Barthes.
Filosofia Analítica
Principais filósofos: Mari Midgley, Richard Wollheim e Paul Feyerabend.
Teoria do Contrato Social
Principais filósofos: John Rawls.
Filosofia da Ciência
Principais filósofos: Thomas Kuhn e Isabele Stengers.
Pós-modernismo
Principais filósofos: Jean-François Lyotard.
Universalismo
Principais filósofos: Noam Chomsky.
Pragmatismo
Principais filósofos: Richard Rorty.
Feminismo
Principais filósofos: Luce Irigaray, Hélène Cixous e Júlia Kristeva.
Pós-colonialismo
Principais filósofos: Edward Said.
Etnografia
Principais filósofos: Henry Odera Oruka.
Marxismo
Principais filósofos: Slavoj Zizek.
Utilitarismo
Principais filósofos: Peter Singer e Richard Brandt.

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Obs- o texto é uma reflexão do autor e não a revelação da verdade.

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