FILOSOFIA, VÍCIOS E VIRTUDES
A filosofia nos mostra desde a Grécia antiga, pelas letras de Homero, em Odisseia e na Ilíada, que a Justiça, ao lado da Tolerância, é uma das principais virtudes humanas, era uma das preocupações que afligiam o povo, tanto os escravos como a classe dos cidadãos e a nobreza, passando pelos filósofos, evidentemente.
Se houvesse a prática da Justiça, por todos os indivíduos e, consequentemente, pelo Estado, haveria o predomínio das virtudes e o sufocamento dos vícios como a avareza, a inveja, a soberba entre outros.
Os gregos já viviam no Estado, uma síntese de povo, espaço, governo organizado e, com justiça. A Justiça era o poder de equilíbrio entre as classes e entre os cidadãos gregos que viviam na polis.
A questão é: como se obter justiça, ou melhor, como se fazer justiça? Ela é subjetiva aos olhos do cidadão, cada um tem seu senso de justiça, para isso, teríamos que ter um senso comum, ou seja, a moral que estabeleceria o que é melhor, o que é mais justo para a nossa convivência. Se vivêssemos sozinhos, aplicaríamos nossa Justiça, de acordo com nosso entendimento, todavia, não vivemos sós, mas sim em sociedade e a justiça passa a ser pública, geral, causando satisfação e contrariedades ao ser aplicada, quase sempre de acordo com influência da política, de interesses isolados dos mais poderosos. Então, nos resta lutar pela justiça a partir do indivíduo, de seu entendimento e compreensão do mundo, de suas idiossincrasias, conceitos e preconceitos .
Se temos o domínio das virtudes, a supressão dos vícios é o ponto de chegada, e acredita-se que seja possível atingir a sociedade, aos poucos, começando caso a caso e individualmente, refletindo na sociedade, sendo praticamente impossível ser um processo coletivo de imediato, uma vez que a sociedade foi corrompida, talvez desde a própria Grécia antiga, enquanto conjunto de indivíduos, pela política e suas consequências, como as famigeradas guerras. nunca houve pureza de ideais, virtudes dominantes sobre os vícios que se saiba, na sociedade humana. simplesmente porque sempre houve competição, por alimento, pela fêmea, pelo poder, em suma.
O estudo da filosofia nos ajuda a atingir esse estado de consciência, objetivar a alcançar a felicidade através da satisfação da prática das virtudes e da eliminação dos vícios morais. Esse é o processo de felicidade que não se alcança, como rezam os poetas, somente quando estamos apaixonados ou como garantem os economistas, quando estamos ricos. Felicidade está mais para um conjunto de momentos de satisfação que podemos experimentar ao vivermos uma vida de prazer moral, de virtudes, de consciência limpa, sem maus pensamentos e sem viver paixões ignóbeis.
Estando consciente disso, conhecendo uma ou mais formas de estruturar o pensamento, cada individuo pode alcançar essa felicidade e, ao mesmo tempo, irradiar esse estado de regozijo ao próximo, como exemplo. A felicidade é contagiante e auspiciosa. Ela está em pequenas coisas, como amor familiar, amizades, gentilezas, confiança.
A Maçonaria ocupa um papel na sociedade da maior importância nesse sentido. Através do estudo da simbologia própria da Instituição, as ferramentas do pedreiro, e uma interpretação feita á luz da filosofia, deve ser feita pelos seus membros, isoladamente e assim, desenvolver seu caráter e evoluir intelectualmente compreendendo que para ser um sábio e consequentemente feliz, objetivo final do ser humano, é necessário ter conhecimento, com estrutura e organização de pensamento dados pela filosofia, e, mesmo que muitos não saibam disso, todos seguimos determinada escola de pensamento seja político, seja de sentidos ou comportamento social. O sábio tem conhecimento para fazer essa escolha do seu próprio método, o ignorante, “segue o líder”, ou seja, dogmas, regras ditadas por outros, torna-se fanático e inútil à sociedade em que vive, nada produz, porque apenas repete o que lhe foi mandado fazer. Não tem liberdade de consciência.
A prática da Justiça, conquanto seja um senso individual, subjetivo, socialmente, é o exercício da tolerância e a prática das virtudes cotidianas, o respeito às normas que forma a moral social, inspirariam ao próximo e assim a toda a comunidade que nos cerca. Se influenciarmos assim a sociedade que nos cerca, estaremos, por certo, realizando a nossa missão de construtores sociais.
Trabalhemos nisso!
Jaraguá do Sul, junho de 2022 (revisado)
Marco Piva
MI